quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Renascimento

Eu sonhei com este parto no dia 5 de janeiro. Literalmente!

 

Dia 12 de janeiro, 2:30 da madrugada: acordo com as contrações que sinto ainda serem de Braxton Hicks, que estavam cada vez mais frequentes, já preparando o colo do útero. Não consigo voltar a dormir e começo a arrumar o quarto para um eventual início de trabalho de parto. As contrações estão espaçadas, por isso estou super tranquila e fico relendo trechos do livro Quando o Corpo Consente (bibliografia importante para quem quer ter parto normal). 

3:00 – ligo para a Babi, minha amiga e enfermeira obstetra, dizendo que talvez esteja entrando em trabalho de parto. Às 3:30, digo que ainda está super tranquilo. 

4:40 – mando um SMS para a Kalu, minha amiga e terapeuta de reiki, dizendo que as contrações estão começando. Envio também um SMS para o Luciano – fotógrafo, para deixa-lo de sobre aviso.

5:30 – mando outro SMS para a Kalu, pedindo para ela vir daqui 1 hora. Mando um SMS para o Mike, dizendo que as contrações estão começando. Menos espaçadas e mais doloridas. E que estou respirando, respirando.
Passo todo esse tempo no meu quarto, em cima da bola. Vocalizando a cada contração. Vejo o dia nascendo, o céu lindo de cores rosadas e alaranjadas.

6:10 – aviso minha mãe (que acaba de se levantar) que estou em trabalho de parto. Mas digo pra ela ficar tranquila, pois já tinha avisado a equipe e daqui a pouco estariam em nossa casa.

Aprox. 6:20 – Pedro acorda comigo no quarto. Continuo vocalizando nas contrações. 

Aprox. 6:25 – saio da bola e fico de 4 na cama, apoiada em meus cotovelos. Vem uma contração muito forte e dou meu primeiro grito. No final, sinto vontade de fazer força, o que me surpreende. Pedro dá risada do meu grito. Vou para o banheiro, sento na privada e faço um toque. Sinto a cabeça!!! Continuo lá, só esperando outra contração. Não faço força alguma, apenas deixo a cabeça sair. Minha mãe não sabe o que fazer, eu falo que está tudo bem e que estou segura para receber minha filha. Apenas espero a próxima contração chegar e o corpo sai. Empelicado.

Aprox. 6:30 - Luisa está em meus braços. Confiro pra ver se é uma menina mesmo, como era a minha intuição deste bebê surpresa. Minha mãe nos ampara com uma toalha bem quentinha. 

Pedro fala: Nenê, nenê!!! 

O meu mundo parou. A minha sintonia mudou. Consegui estar presente de corpo e alma no presente. Em harmonia, o racional, emocional e espiritual se uniram lindamente. 

Só consigo ser grata. A Deus. Ao Universo. Ao Pedro. A todas as pessoas que compartilham suas vidas comigo e me trazem inspiração e ensinamentos. Às dificuldades presentes durante a gravidez que me impulsionaram, mesmo que de uma forma inesperada e momentaneamente dolorida, para mudanças significativas em minha vida. 

Luisa chega trazendo uma força enorme do sagrado feminino. Ela traz paz e mobiliza amor ao seu redor. 

Desde a gravidez do Pedro, meu horizonte se ampliou. Mergulhei de corpo e alma neste caminho de profundo respeito que começa por estes seres que nos escolheram como pais e que se expande para as pessoas ao nosso redor. E que nos leva a adentrar em si de uma forma corajosa. 

Poder realizar escolhas é ter liberdade. Poder se libertar de padrões antigos inconscientes (e conscientes) e enxergar as situações sob uma perspectiva mais abrangente também é. Ah liberdade, como você é bem-vinda! 

Renasci como pessoa. Como mulher. Como mãe. 

Anamaria Matsunaga - 32 anos, mãe do Pedro (2 anos e 5 meses) e Luisa (18 dias).




Obs1: aos poucos a equipe foi chegando... Bárbara, parceira da Babi, Kalu, Mike, Babi e Luciano. E o apoio deles foi fundamental. Só pude me sentir confiante e segura pois eles estavam dando todo o apoio. E meu pré-natal estava perfeito, gestação de baixo risco. E para o plano B, estava com a Dra. Juliana Giordano (obstetra humanizada), no caso de uma eventual transferência para hospital. Ter a segurança de uma equipe que você confia é fundamental para estar tranquila.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Relato de Parto

19 e 20 de agosto de 2012.

Tudo correu bem nos exames de pré natal. Que bom, pois assim o parto poderia ser na Casa Angela, local que escolhi receber o Pedro. Uma casa de parto que nos acolheu com carinho e seriedade. Para ter um parto lá, a gestação tem que ser de baixíssimo risco, ou seja, você tem que estar dentro de vários pré requisitos. Felizmente deu tudo certo para nós e eu sabia que se precisasse, com certeza eles nos encaminhariam para a maternidade. Eu fiz o plano de parto e estava consciente do plano A, B e C. 

Consultas dia sim dia não para fazer cardiocoto nos últimos dias, exercícios na bola, desenho de mandala com minha querida doula Adri e o Mike cada vez mais ansioso para ver o rostinho do Pedro. Eu tinha contrações, mas as de Braxton Hicks, ou seja, não eram doloridas, mas já estavam trabalhando a dilatação do colo do útero. Estava com 40 semanas + 4 dias de gestação.

Até que no domingo, dia 19 de agosto, as contrações começaram a ficar doloridas. Fomos na consulta às 14:30 e já estava com 4 cm de dilatação. Mas as contrações ainda não estavam ritmadas, então voltamos para casa para fazer os últimos preparativos. Até que em algumas contrações, eu comecei a ter que mudar de posição para amenizar a dor. Os cheiros fortes começaram a me incomodar (cebola!). Achamos que era hora de ir para a Casa Angela. Minha mãe decidiu ir de última hora acompanhar também o trabalho de parto. 

Chegamos lá às 20 horas, as contrações estavam mais intensas e ritmadas. A Adri chegou às 21 horas, o cardiotoco estava de acordo, 4 cm de dilatação e colo médio. Início do trabalho de parto ativo!

Fomos para o quarto: levei velas, ipod com músicas e mais músicas de todos os gostos, biquíni para usar na banheira e chuveiro. Testei algumas posições na bola, ouvi mantras e a versão em chorinho das músicas dos Beatles e recebia massagem da Adri. Já eram 22 horas. 




Às 23 horas entrei na banheira, o que aliviou bastante a dor. As contrações ficaram com um intervalo maior entre elas, mas valia a pena ficar naquela água quentinha e confortante. A Dal me deu 2 pedaços de mamão. Eu não tinha fome alguma, mas sabia que era necessário me alimentar.



É engraçado como dá para reconhecer o toque das pessoas em você. A sensibilidade aumenta. O toque das mulheres (Adri e Dal) era suave, amenizava a dor. O toque do Mike eu sentia bem mais pesado, mas mesmo não querendo que ele me tocasse muito, era confortante saber que estava lá do meu lado para o que nós precisássemos.




À meia noite sugeriram que eu saísse da banheira, já estava com 7-8cm de dilatação. Eu não queria, aquela água quentinha realmente relaxava. Andei até o banheiro e fiquei no chuveiro. Primeiro, fazendo os exercícios na bola. Depois o Mike entrou comigo e me deu suporte. Depois voltei para o quarto para um novo cardiotoco. 8cm! Fiquei um pouco desanimada, pois já haviam passado 2 horas e a dilatação não aumentou o quanto eu gostaria. Eu queria que estivesse evoluindo bem, para terminar logo a dor e eu pudesse ter o meu pequeno em meus braços. 

A recomendação era para eu andar, mas eu mal dava 3 passos e vinha mais uma contração. Cheguei a muito custo até a sala de espera da Casa Angela, tinha um colchonete para mim. Tomei um pouco de canja. 



Recebi massagem da Adri, o Mike também estava por lá. A vontade era de ficar agachada, mas para o Pedro descer mais, a recomendação ainda era caminhar. Então, com muito esforço subi a rampa e a escada e cheguei até o salão do andar de cima. Lá tinha uma meia luz, colocaram um lençol no teto para eu me pendurar. A Adri e o Mike ficaram comigo lá, se revezando. Que dor, hein! Ficamos lá por uma hora mais ou menos. O Mike tinha ido cochilar um pouco. Ao descer as escadas, doía bastante. Minha mãe neste momento fez massagem em mim e seu toque me ajudou a suportar melhor. Com muito sacrifício, cheguei até a sala de trabalho de parto novamente. A banheira estava lá me esperando. A água quente é um alívio. 

Novamente saí da banheira porque era necessário fazer um novo cardiotoco. Também fizeram uma amnioscopia e meu líquido amniótico estava claro. Acredito que foi neste momento que pedi para o Mike pegar um caderno meu onde eu tinha escrito minha Despedida da barriga. Na verdade, as palavras eram direcionadas ao Pedro. 

Foram estas:

"É como se toda a minha vida (nestes 29 anos) eu me preparasse para ser mãe, para esta vivência sublime que está para acontecer. Procurei conhecer e respeitar o meu corpo, este incrível instrumento que tenho em mãos para passar as experiências terrenas. Busquei informações para poder compreender melhor a vida e toda energia que envolve o universo. Encontrei Deus, e sinto que faço parte de sua divindade.


Pedrinho, filho querido já tão amado, me sinto pronta para ser sua mãe. Vou ser sua companheira nesta jornada e procurarei superar minhas dificuldades para ser uma pessoa melhor para você e a nossa família. 
Desde já agradeço a maravilha que é estar grávida ainda mais de um filho que foi muito gentil e se conectou com o meu corpo com harmonia e respeito.

Já já você estará em meus braços e terá todo o meu suporte para realizar a sua missão.


Obrigada pela oportunidade."

Chamei o Pedro para este mundo.


A Dal sugeriu romper a bolsa para o trabalho de parto acelerar. Mas eu tinha idealizado o Pedro nascendo dentro da bolsa aminiótica, então recusei. Eram 6 da manhã e eu estava com 9 cm de dilatação. Eu olhava o céu clareando através da janela. Uma sensação de cansaço enorme invadia meu corpo. 

Em vários momentos do meu trabalho de parto senti uma grande admiração por todas as mulheres do mundo e nossas antepassadas que já passaram por isso. Foi uma experiência que exigiu de mim coragem, vontade e consciência. É um trabalho de parto mesmo, uma conexão sem igual com o corpo e a dor é intensa, mas representa somente uma parte de todo o processo. Faz você ficar presente e com certeza tudo isso é necessário (a natureza é sábia, mas ainda vou buscar alguma resposta racional para todo este processo, quem sabe encontro alguma), tanto para nós, mães, quanto para os nossos bebês. Acredito que seja o ápice da vida de uma mulher, rumo à uma das mudanças mais significativas da vida.

A esta altura do campeonato, eu não queria mais as minhas músicas, nem velas, nem roupas! 

Fui então para o vaso sanitário. Me senti melhor nesta posição sentada e a dilatação atingiu 10 cm e comecei a fase de transição. Fazia bastante força. Houve troca de turno e a Carol agora era a enfermeira obstetra responsável por nós. Ela foi quem nos acolheu na Casa Angela em nossa primeira visita e seria a pessoa que traria o Pedro neste mundo (assim eu esperava! Não queria que tivesse que trocar outro turno novamente!). 

Voltei para a banheira, o Mike fez vitaminha de açaí para mim. Precisava de energia e só ele sabe fazer a vitamina como eu adoro. Tomei bastante (quase um copo). 



Por volta das 8 da manhã, a Carol novamente sugeriu romper a bolsa e desta vez eu aceitei, pois iria acelerar o nascimento. Eu pedia para ser transferida para o hospital, pois não aguentava mais sentir dor e queria anestesia. Mas só de pensar no trajeto na ambulância, logo vinha outra contração e eu ia ficando lá mesmo. Hoje eu sei que muitas mulheres pedem isso e é sinal de que está chegando ao fim.  Comecei a fazer força dentro da água, mas não estava encontrando uma posição muito boa.



Então alguém trouxe o banquinho. Santo banquinho!!! Sentada era melhor para fazer força, me sentia mais confiante. Uma mão na barra e a outra agarrada no Mike. Foram muitas contrações de expulsão. Achei que iria ficar rouca de tanto gritar. O Mike brinca dizendo que perdeu uns 30% da audição. Cheguei até a questionar se eu não tinha força suficiente para o Pedro nascer. 

E as contrações continuavam indo e vindo, fortes. Cada contração eu fazia 3 forças bem intensas. Eu podia sentir a cabecinha do Pedro chegando. Mas a minha percepção é que não estava vindo (mas estava). Chamaram minha mãe para a sala, pois Pedro estava quase chegando. 

Até que finalmente a cabeça dele saiu, eu pedi para puxarem. Mas claro, ninguém fez isso. Outra contração e ele saiu na água com 1 volta do cordão umbilical em seu pescoço (nota para as pessoas que não sabem: este não é um indício para a cesárea). Eram 9:50 da manhã do dia 20 de agosto. 




Ele nasceu na água e logo veio para o meu colo. Demorou um pouco para chorar. Fez cocô (mecônio). Espirrou umas 3 vezes. O cordão parou de pulsar e o Mike cortou. Ele chorava de emoção e segundo ele, esta experiência é algo semelhante à perda, mas ao contrário. 

Saí da banheira e fui para a cama. O Pedro logo veio para o meu colo e já mamou. 



E ficou um tempão mamando. Depois disso, pesaram e mediram meu pequeno. 3,300 quilos e 48 cm de comprimento.



A placenta saiu enquanto eu amamentava. Tive 3 pontos superficiais e com certeza os exercícios com o Epi-no ajudaram. Não cheguei a praticar com 10 cm de diâmetro, mas tinha chegado nos 7-8 cm. 

Agradeci ao Mike por todo o apoio no pré e durante o parto. Ele foi super guerreiro. Corajoso como sempre. Topa tudo. 

Fiquei no quarto quase o dia todo, pois estava um pouco fraca e me alimentei de sopa, suco de maracujá e frutas. O Pedro nos encantava, de tão lindo e bonzinho. Recebemos algumas visitas. Na primeira noite do Pedro aqui na Terra, ele dormiu muito bem, entre o Mike e eu. No dia seguinte, o papai mais babão deste mundo deu o primeiro banho do nosso filho. Sempre com o auxílio e suporte necessários. 



Nós fomos muito bem tratados na Casa Angela. Um atendimento que eu  acredito que não encontraria em outro lugar. As profissionais acompanharam a gravidez, conhecem você pelo nome e o atendimento é exclusivo. A comida é caseira e muito saborosa. Todas as enfermeiras obstetras e técnicas de enfermagem cuidaram muito, mas muito bem de nós. Tudo é feito com profissionalismo e podemos sentir nitidamente carinho e zêlo pelo o que fazem. 

E agora, com quase 2 meses do Pedro em nossos braços, sei que todo este processo do parto (e pré parto também) foi importante para a mãe que sou hoje e para o bebê que o Pedro é hoje. Calmo, bonzinho e sorridente. Nós conseguimos passar segurança para ele, pois tivemos respaldo dos cursos de preparação para o parto e por ter suporte 24 horas na Casa Angela. Qualquer dúvida, não hesitamos em entrar em contato. É uma segurança importante na nossa vida. 

Segue o relato da Adri, nossa doula que contribuiu positivamente em todo o processo:

"Não tenho palavras para descrever a força e a coragem de Anamaria.
Foi daqueles partos "lição para a vida"! O pai Mike apoiou muito ela o tempo todo e a avó tambem pode assistir o nascimento. Foram dois turnos de obstetrizes na Casa Angela, TODAS, foram excepcionais no cuidado e delicadeza.

Praticamente esgotamos os recursos, banheira, chuveiro, vaso, bola, escada, lençol no teto, massagem, Yoga, Reiki, mas NENHUMA DROGA! Só o poder do corpo feminino e nossos HORMÔNIOS maravilhosos mesmo.

Me sinto muito grata pela oportunidade de presenciar esse milagre da natureza e do poder feminino!"

E o Pedro mama, mama muito. Tanto que era assim:


Com 20 dias estava assim:



Com 40 dias estava assim:


E hoje, com 59 dias, está assim:



E estamos apoiando às doulas e desejando que muitas mulheres possam ter uma doula acompanhando o seu parto. 



O processo da gravidez e maternidade está abrindo novos caminhos em minha vida. Há chamados que não podemos ignorar. E tudo isso tem tocado meu coração de forma intensa e estou me preparando para ajudar outras gestantes. Que muitas possam ter a sorte que eu tive em ter acesso ao parto humanizado. Demorei algumas semanas para processar a experiência e na verdade, ainda estou fazendo isso. O sentimento de superação é enorme e me sinto forte o suficiente para enfrentar situações difíceis que a vida poderá apresentar. 

Não foi só o Pedro que nasceu. Uma mãe nasceu. Um pai nasceu. Uma família nasceu. Avós nasceram. Tios e tias nasceram. E o Pedro com certeza veio trazer alegria e luz em nossas vidas. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Coragem

Eu não consigo expressar de forma racional o quanto estou feliz por ter tido coragem de mudar os planos da chegada do Pedro. 

A gravidez traz uma indústria tão gigantesca junto e como tudo é novidade, você acaba se baseando no "manual" que todo mundo faz, as regrinhas (até por questões de segurança, de "saber" onde está pisando, porque a responsabilidade aumenta e você nunca colocará em risco o seu bebê) e todos os palpites das pessoas mais "entendidas" do assunto. 

Eu segui uma parte: realmente, tem inúmeras opções de compra, lojas l-i-n-d-a-s, dá vontade de ter tudo do bom e do melhor. Desde o início eu quis que a minha médica de anos e de confiança fosse a pessoa que iria ajudar a trazer o Pedro ao mundo. Visitamos as melhores maternidades que o convênio oferece. Fizemos todos os exames em laboratórios ótimos. Compramos um belo carrinho, um berço lindo de madeira, cuidamos com muito carinho na preparação do nosso chá de bebê, que foi um momento feliz e muito especial. Só que eu acho que muitas pessoas acabam se perdendo aí, no "to do´s list" e acabam se esquecendo das raízes de toda esta vivência, que na verdade é refletir sobre a maternidade (e paternidade), da responsabilidade de guiar e preparar este espírito neste mundo que estamos vivendo. 

Tomei cuidado para não perder de vista o lado espiritual (que procuro trabalhar desde adolescente), tomando o passe para gestante no Grupo Socorrista Maria de Magdala, centro espírita que tenho oportunidade de estudar, aprender e também trabalhar. Sabendo da importância de vigiar os pensamentos e da experiência espiritual pela qual estou passando, era fundamental não deixar esta parte da minha vida de lado, para fortalecer meu laço com este espírito especial que está vindo através de mim. E graças a Deus (posso dizer assim) que mantive esta rotina e conheci a Adriana, também gestante.

Ela tem um filho lindo, o Alex. E está com 2 semanas a mais que eu, da minha xará Ana. Ela já vivenciou um parto humanizado e está indo para o próximo. Eu sempre quis ter parto normal, pois sou a favor de deixar a natureza agir por si mesma. Normal porque eu não tinha informações sobre o natural humanizado. Lógico, nada de loucuras, priorizando a saúde do Pedro e a minha. Aos poucos, fomos trocando figurinhas, ela me falou sobre ter uma doula acompanhando o pré parto e comentou sobre a Casa Moara. Comecei então a pesquisar sobre o assunto e me encantei com o trabalho das doulas. Me remeteu à hospitalidade que estudei na faculdade de Hotelaria, e que era o ponto que mais me identificava neste curso. Apesar de sair da área dos hotéis, em mim reside uma enorme vontade de servir, ser útil e ajudar no que for preciso. Mas sem banalidades e luxos desnecessários que tanto almejamos nos melhores serviços hoteleiros. Acho que foi isso que me decepcionou na área, além dos baixos salários e pouca valorização de mão de obra qualificada.

Comentei com a minha médica a possibilidade de uma doula nos acompanhar no trabalho de parto.   Para nos apoiar emocionalmente e fisicamente, além de conhecer de perto este trabalho que me encantei. Fazendo massagens para aliviar as dores, tranquilizando a mim e o Mike caso seja necessário. E também comecei a questionar se a episiotomia era necessária. Além da anestesia, que eu gostaria de poder falar quando e se eu iria querer, pois queria ver qual o meu limite. Senti uma certa resistência dela nestas 3 questões e foi aí que comecei a pesquisar mais e mais sobre o assunto: o parto humanizado.

Meu coração tomou a frente e me guiou. Tive brilho nos olhos, me senti inspirada, mais forte e confiante como nunca. Até que, pesquisando na internet, cheguei até a Casa Angela. Liguei e marquei para conhecer no dia seguinte, pois era a 34a semana e mudar os planos está bem em cima da hora. Convidei a minha mãe, que estava um pouco resistente em seguir esta linha, mas eu deixei bem claro que era eu quem iria decidir. O Mike, que no início achei que iria também seguir uma linha mais tradicional, mais uma vez me surpreendeu e me deu todo o apoio que eu precisava. E como isso é importante! Fortalece o nosso laço e nessas horas me sinto mais apaixonada por esta pessoa única e especial. 

A visita foi ótima: dúvidas esclarecidas, Casa Angela conhecida e nos sentimos acolhidos e tive a certeza de que o parto humanizado é o melhor caminho para nós. Decidido. 


Conversei também com o Sifu, meu mestre não só no Kung Fu, mas na vida. Uma pessoa que aprendo observando o seu exemplo e que também está sempre disposto a ensinar e ajudar. Ele me apoiou nesta decisão e me senti mais confiante ainda. Por estar em sintonia com o que estudamos no Kung Fu e a questão energética que todo este processo abrange.

Pudemos aproveitar ao máximo nossa gravidez, que está chegando no fim. Desde o dia 30 de dezembro, quando soubemos que estava grávida (e que não era azia ou gastrite), pequenas mudanças tem ocorrido. Mas agora, acho que nunca me senti tão fortalecida, pois estou seguindo o meu coração e ele diz que a chegada do Pedro pode ser vivenciada de forma plena: respeitando meus limites e vontades e também as do ator principal do evento, o Pedro, que vai chegar em um ambiente aconchegante, sem tantas parafernálias dos hospitais e intervenções que não são necessárias, além de ficar ao nosso lado todo o tempo. Lógico, se tudo continuar correndo perfeitamente bem e sem riscos para mim e para ele.

O universo realmente conspira quando things are meant to be. Tenho encontrado cada vez mais pessoas que nos dão suporte e trazem novas informações. E quando me perguntam se estou ansiosa, respondo que não. Agora sim estou em paz. Pois quando seguimos o nosso coração, vem a tal da paz interior. E tenho certeza que o Pedro aprecia tudo que já fizemos com tanto carinho para a sua chegada. Mas acredito que o melhor que podemos oferecer neste momento, é que sua chegada seja desta forma. Repeitando o seu tempo. Respeitando este ser que vai nos proporcionar tantas experiências e aprendizado. 

Só gostaria de deixar este recado para vocês: follow your heart. Sintam e se deixem levar pelo o que o coração manda. Sem racionalizar tanto, como geralmente fazemos. Como o Sifu diz, dificilmente há "erros" (se falarmos em dualidade) quando nos aproximamos da nossa essência e agimos de acordo com o que sentimos.

E desta forma, a coragem de dar um passo diferenciado se torna natural e único.